terça-feira, 30 de março de 2010

Estratégias

No mês de março recebemos na Confraria dos Traders o Prof. Plínio Barreto da Silva que veio nos brindar com anos de experiência como investidor e professor de análise de investimentos. O tema do encontro foi Estratégias Vencedoras em Análise Gráfica.

Plínio abriu a conversa explicando que montar uma estratégia para aplicar na Bolsa não é uma coisa difícil e nem a parte mais importante dos resultados. Na teoria, executar uma estratégia é fácil, mas na prática nem sempre é assim. A diferença entre investidores ganhadores ou não, mais freqüentemente do que se imagina, é a capacidade de lidar com emoções, e não de bolar estratégias mirabolantes. Neste sentido, explica Plínio, é indispensável que o investidor tenha uma estratégia para proteger-se de si mesmo.

Estratégia, palavra de origem militar que significa: “arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao alcance de determinados objetivos”.

Repetindo, a estratégia serve principalmente para proteger o investidor de si mesmo, ou seja, ajudá-lo a agir da forma mais racional possível quando estiver no mercado. Plínio esclarece que a estratégia deve ser montada quando a pessoa está num excelente momento de capacidade intelectual, o que não acontece o dia inteiro. Quando estamos agindo no mercado, as emoções acabam influenciando e mudamos de idéia com facilidade. Assim se tivermos uma estratégia traçada, fica mais fácil manter aquilo que nos havíamos proposto quando iluminados pela razão.

Os três passos para definir as estratégias são:
-Definir os critérios.
-Efetuar o back test
-Comparar com outro resultado

Os critérios podem ser algo como um bom indicador fundamentalista (P/L, por exemplo), seguido pelo cruzamento de uma média. Depois o investidor experiente irá utilizar um back test, neste caso, testar o passado do gráfico para ver qual a melhor média a utilizar naquele papel. Depois disso, o resultado que teria sido obtido num determinado período de tempo, deverá ser comparado, como outro critério, como por exemplo, comprar e segurar pelo mesmo período. Se for mais lucrativa vale a pena aplicar a estratégia, caso contrário é melhor procurar outra.

Uma vez que a estratégia esteja montada, ela deve ser aplicada independente da percepção do investidor. Plínio apontou algumas das descobertas recentes da neurociência que mostram como as pessoas “vêem” aquilo que estão acostumadas a ver. Assim, diante do pregão, quando um turbilhão de emoções como pânico, medo, ganância borbulham na mente do investidor, não há como tomar a decisão correta.

As melhores estratégias não são aquelas que acertam sempre, e nem na maioria das vezes, entretanto quando acertam “pegam” um bom período de uma tendência. O Prof. Plínio completa que é preciso levar sempre em conta os ciclos de mercado. O mercado é cíclico e inercial. Quando sobe, sobe muito e quando cai, cai muito.

Para concluir o Professor ressaltou estudos científicos que estudaram indicadores de análise técnica concluindo que não são lucrativos. Entretanto, a forma como os trabalhos testam os indicadores difere da forma como os investidores mais experientes os utilizam. Por exemplo, um investidor experiente que usa a média móvel para apontar pontos de entrada ou saída, não irá utilizar a mesmo período de tempo em cada um. Ele recorrerá sempre ao back test antes de começar a operar na prática, encontrando a melhor média para aquela ação específica. As pesquisas, ao contrário, simplesmente escolhem uma média e aplicam indeterminadamente para qualquer ação.

Outro erro deste tipo de trabalho, é a forma como são utilizados osciladores de tendência como o estocástico e IFR. Nas pesquisas os testes são feitos com a forma mais simplista, a pior forma possível na opinião do Professor. Por exemplo, comprar quando chega em 20 e vender quando chega em 80. Investidores experientes traçam suportes e resistências nos indicadores, e os utilizam como alertas para dispararem outros critérios de estratégias, e não simplesmente como pontos determinados de entrada ou saída.

Ainda um último ponto interessante é a comparação que pesquisas deste tipo, e também a mídia fazem com as estratégias gráficas. Eles utilizam um fundo e um topo principal para concluírem que “comprar e segurar” é melhor do que usar a análise. Mas esquecem de considerar que o fato de alguém resolver usar a estratégia “comprar e segurar” não garante que o ponto de compra seja o fundo, e muito menos que venda num topo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Pivot



O pivot acontece quando há uma mudança no comportamento da massa. O Pivot de alta ocorre quando, por algum motivo que ainda não se conhece, novos compradores entram no mercado fazendo com que os preços não consigam mais atingir o seu limite mínimo (suporte). O preço cai até o primeiro suporte (ponto 1), depois sobe formando um novo topo (ponto 2), em seguida volta a cair, mas não chega mais ao suporte (ponto 1), parando em menos da metade entre os pontos 1 e 2. Forma-se aí o ponto pivot que é uma indicação de compra. O ponto 4 é a confirmação do rompimento da resistência quando um novo topo mais alto é formado. O pivot point pode ser usado em qualquer prazo, fornecendo excelentes resultados para quem opera em prazos curtos, utilizando-se de gráficos de períodos menores de 15 minutos.

Uma outra forma de utilizar o pivot é através do simples cálculo. A fórmula mais utilizada consiste em somar a máxima, a mínima, o preço de abertura e o de fechamento, dividindo o resultado por 4 para obter uma média. Quando o preço cruza o número obtido para cima é um sinal de compra e quando cruza para baixo um sinal de venda.

(Preço de Abertura+Preço de Fechamento+Máxima+Mínima)/4

Alguns programas de análise técnica nos fornecem um indicador que vai calculando o pivot automaticamente após cada fechamento da unidade de tempo escolhida. No exemplo abaixo, o pivot é representado pela linha amarela, que fica entre outras quatro linhas. As duas superiores são vermelhas e representam as resistências, enquanto as inferiores, verdes, representam os suportes. Quando os preços (linha azul clara) cruzam esta linha para cima o rompimento nos dá um indicativo de compra, quando os preços cruzam o pivot para baixo, o rompimento nos fornece um indicativo de venda. Uma vez rompido, podemos projetar o preço até a próxima linha, seja o suporte quando o rompimento for para baixo, seja a resistência quando o rompimento for para cima. Este indicador é uma ótima forma de operar no intraday, e a ele podem ser agregados outros rastreadores de tendências para montagens de estratégias.

sábado, 20 de março de 2010

Introdução à Análise Gráfica

Os adeptos da análise técnica acreditam que os preços do mercado, refletem tudo o que se passa na economia, nos fundamentos e também as expectativas dos investidores. É bem simples entender, se pensarmos em tomada de decisão. As pessoas decidem comprar ou vender de acordo com suas expectativas sobre o futuro das empresas, e não de acordo com os dados propriamente ditos. Não existem estatísticas para as expectativas das pessoas, mas elas ficam expressas nos preços de mercado, já que, o preço de mercado é o consenso entre os que acham que o mercado vai subir (compradores) e os que acham que vai cair (vendedores). Assim já que o preço reflete tudo, para o analista técnico basta olhar para o gráfico para fazer suas projeções de mercado.

Para o analista técnico é o comportamento da massa de investidores que comanda a direção dos preços no mercado. Os preços formam topos e fundos nos gráficos, deixando tendências que podem ser observadas. Quando topos e fundos mais altos estão ocorrendo diz-se que a tendência é de alta, e no contrário, topos e fundos mais baixos indica tendência de baixa.

Charles Dow, considerado o pai da analise gráfica, propôs uma teoria que explica as tendências do mercado. Para Dow, existem duas tendências: tendências de alta e de baixa. Entretanto existe ainda o mercado lateral ou sem tendência. A tendência de alta se divide em três fases: acumulação, alta sensível e euforia. Uma tendência de alta pode ser analisada, traçando-se uma LTA (linha de tendência de alta) no gráfico de preços, unindo-se os preços dos fundos principais com uma reta.


LTA
Mas o mercado também tem tendências de baixa que se divide em: distribuição, pânico e baixa final. Esta pode ser analisada pelo traçado de uma reta LTB (linha de tendência de baixa), que liga os topos principais com uma reta.
Enquanto uma LTA segue, o mercado está comprador. O rompimento da LTA fornece um indicativo de venda para aquela ação. Enquanto uma LTB continua, os investidores estão com expectativas ruins, e o mercado está vendedor. No momento que esta reta é rompida ela fornece um sinal de compra, que é baseado na mudança das expectativas dos investidores.

LTB


sexta-feira, 19 de março de 2010

Breve Introdução à Análise de Investimentos

Como vimos no Post Passos Básicos para Começar a Investir na Bolsa de Valores , comprar ações é muito simples e não exige nenhum conhecimento amplo. Entretanto uma vez que o investidor tenha disponibilizado recursos na corretora deve tomar uma decisão: quais ações irá comprar? Esta já é uma decisão que envolve um pouco mais de conhecimento e cujo resultado será o lucro ou prejuizo do investimento.
Para auxiliar o investidor na sua tomada de decisão, existem as chamadas análises de investimentos. As mais conhecidas são a análise técnica (ou gráfica) e a fundamentalista, mas existe ainda uma terceira, a análise quantitativa. Veremos de forma bem resumida um pouco de cada uma delas que depois serão aprofundas em post posteriores.

A Análise fundamentalista se baseia nos fundamentos das empresas e da economia em si. Para isto, seus adeptos, procuram verificar se o preço do mercado, ou seja, aquele que está sendo negociado na Bolsa de Valores, está caro ou barato em relação a estes fatores. Se estiverem baratos a recomendação é de compra, se estiverem caros é de venda.

A análise técnica baseia-se num pressuposto, de uma das correntes de psicologia, que acredita ser a natureza humana mais ou menos constante, ou seja, as pessoas reagem de forma simular em situações semelhantes. Acredita também que os investidores compram e vendem ações mais sob influencias de emoções (como ganância, medo, esperança, orgulho, etc) do que da razão pura e simplesmente. Os preços, resultado das decisões dos investidores, ficam expressos nos gráficos, deixando “pistas” sobre uma possível direção para os preços no futuro.

Já a análise quantitativa, bem pouco conhecida dos investidores comuns, mas já utilizada por grandes gestores de investimentos, é baseada na estatística utilizando-se métodos matemáticos, como correlação, desvio padrão e outros para determinar pontos de compra ou de vendas de ações.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ações e possibilidades de ganhos

Do ponto de vista da economia as ações são títulos nominativos, negociáveis e que representam a menor fração do capital social de uma empresa de capital aberto ou SA. Quem compra ações na Bolsa de Valores se torna sócio daquela empresa, na proporção do capital investido. Como sócio tem direito a participar dos lucros da companhia. Estes lucros são distribuídos em forma de dividendos e representam uma das possibilidade de ganhos com as ações.

Já pela ótica do investidor, ações são um investimento de renda variável, ou seja, um investimento cujo retorno efetivo só será conhecido na hora em que for efetivado. Assim, aparece mais uma possibilidade, as oscilações dos preços na Bolsa de Valores.

Entretanto existem ainda outras formas de lucrar com ações: a bonificação e os direitos de subscrição. Bonificação é a distribuição de novas ações aos detentores de posições, em data definida pela assembléia. A bonificação poderá ser distribuída sob a forma de novas ações ou em espécie ($). Direito de Subscrição é uma forma que as empresas utilizam para captar recursos novos no mercado. Porém por serem geralmente definidos níveis de preços abaixo dos valores praticados no mercado (Bolsa de Valores), surgem como uma oportunidade aos já acionistas obterem ganhos de capital. Aos detentores das ações, lhes é assegurado o direito a subscrever, na proporção igual a sua participação anterior ao lançamento.

Um ponto importante que está relacionado com os ganhos, diz respeito ao horizonte temporal do investidor. Enquanto os dividendos, direitos de subscrição e bonificações podem ser bem vindas aos investidores de longo prazo, para os traders, ou seja, aqueles que investem somente no curto e curtíssimo prazo, só interessa as oscilações de preços, as outras possibilidades atrapalham mais do que ajudam

quarta-feira, 17 de março de 2010

Passos básicos para começar a investir na Bolsa de Valores

Começar a investir em ações é muito simples e acessível a qualquer pessoa. E ao contrário do que muita gente imagina, não é preciso ter um grande capital para começar.

O primeiro passo é abrir uma conta numa corretora. Pode ser num banco onde o investidor já possui conta, ou numa corretora independente. Para escolher corretamente é necessário que o investidor verifique os custos de que serão cobrados a cada ordem de compra ou de venda que serão enviados. Em geral, os custos se dividem em três tipos: a corretagem, os emolumentos e a taxa de custódia. A corretagem é cobrada a cada ordem de compra ou de venda que for executada. Sendo o custo mais alto dos três vale a pena se atentar a este detalhe. Algumas corretoras cobram um valor percentual da operação, e outras um valor fixo em torno de R$ 10,00 ou R$ 20,00. Os emolumentos são pagos a Bovespa. E a taxa de custódia é paga a CBLC, embora algumas corretoras não cobrem.

Abrindo a conta, o cliente irá receber uma senha para acessar o home broker. No home broker é possível acompanhar o pregão on-line e enviar as ordens diretamente para a Bovespa. Outra forma de enviar ordens é pela mesa de operação, entrando em contato diretamente com a corretora.

Depois de aberta a conta, é preciso disponibilizar recursos para começar a operar. No site da corretora escolhida, consta o número da conta em que o depósito deverá ser feito. Quando a conta for aberta num banco o cliente pode usar os recursos disponíveis na sua própria conta bancária. Quando a conta é aberta numa corretora, está possuirá uma conta numa agencia bancária, e é nesta conta que o cliente deverá disponibilizar os recursos. Uma vez enviados, o saldo ficará registrado na conta que o cliente abriu na corretora e poderá ser acessado no home broker.

terça-feira, 16 de março de 2010

Os ciclos do mercado

Quando se trata de recomendações sobre investimentos na Bolsa de Valores não há dúvida: compre na baixa e venda na alta é a principal delas. Mas se isto não é segredo para ninguém porque é tão difícil seguir “esta máxima” e pior, muitos investidores novatos executam exatamente o contrário?

O melhor caminho para lançar alguma luz sobre esta pergunta é a clássica teoria Dow de análise técnica. Charles Dow, o pai da teoria propôs que a movimentação das ações na Bolsa segue ciclos de alta e de baixa. O movimento de alta é dividido em três fases: acumulação, alta sensível e euforia. Enquanto o mercado segue pelo período de acumulação apenas um pequeno grupo de pessoas se interessa pela negociação com ações, geralmente investidores profissionais e com amplo conhecimento de setores específicos da economia. Como conseqüência disto a mídia não tem grande interesse no mercado e poucas notícias aparecem em publicações que não sejam muito especializadas. Nesta fase, profissionais de outras áreas, também não tem grande interesse na Bolsa de Valores. Os advogados estão atendendo seus clientes, os médicos seus pacientes e os engenheiros desenvolvendo seus projetos. Muitos nem sabem que o mercado é acessível a qualquer pessoa. Outros perderam dinheiro em outras épocas e preferem investir em renda fixa. Conforme a teoria Dow, estes primeiros investidores compram por estarem de posse de informações relevantes sobre a empresa, informações estas, digamos assim, que não estão ao alcance do público em geral. Eles compram quase sem chamar a atenção, o que gera pouco alarde e aumento dos preços.

Na fase seguinte - alta sensível - entram em cena os investidores mais bem informados que, ao tomarem conhecimento das informações, lendo a mídia especializada e conversando com seus corretores, compram também. Como este grupo é um pouco maior, eles exercem alguma pressão sobre os preços e volume de negociação e ambos aumentam. O aumento dos preços chama a atenção de algumas pessoas que antes estavam ocupados fazendo seus trabalhos: por exemplo o arquiteto fica sabendo que seu visinho está ganhando dinheiro sem fazer muito esforço, e o interesse pelo mercado de ações começa a expandir-se. A expansão atrai a mídia comum que propaga informações sobre a alta, sobre os ganhos expressivos e chama a atenção de cada vez mais interessados em participar da festa.

A festa continua dando origem a última fase da alta: a euforia. A euforia atrai grande número de investidores novatos, e é caracterizada por muitas ofertas públicas de novas empresas no mercado, atraídas também pelos altos preços com que conseguirão vender suas ações. Este movimento gera um alto aumento nas ações que seguem muito além do que valem de fato e altera radicalmente o volume de negociação das Bolsas. Quem vende a estes investidores são naturalmente aqueles que compraram primeiro, embolsando os grandes lucros e empurrando os preços de volta para baixo, no chamado preço justo.

A baixa também ocorre em três fases: distribuição, pânico e baixa final. A primeira corresponde a saída daqueles primeiros investidores e ocorre sem muito volume e modificação de preços. Em seguida segue-se o pânico, onde diminui os interessados em comprar e os vendedores aumentam. Estes cada vez mais temerosos de suas posições intensificam a queda dos preços. Buscam compradores a qualquer preço empurrando as ações cada vez a valores mais baixos com perdas respeitáveis. As notícias ruins também se espalham e a mídia publica o caos que se tornou o mercado de ações, gerando e mantendo o pânico. Normalmente os preços caem abaixo do preço justo, ou seja, aquele que a empresa vale de fato, quando uma boa análise fundamentalista é feita, o que desperta o interesse dos profissionais do mercado. Com isto tem início a última fase da baixa- baixa final-, que muitas vezes corresponde a acumulação, com a compra dos investidores profissionais e a venda dos últimos perdedores. Como a grande maioria dos potenciais investidores não se sente atraído pelo mercado nesta fase um novo ciclo tem início...